27 de mar. de 2009

Parabéns 2 vezes!

Amores, Parabéns!
Hoje o parabéns é duplo. Sim! Vejam:

1) Parabéns por nossa primeira apresentação de 2009. Que apresentação maravilhosa, quanta energia, quanto sentimento, quanto amor pelo que fazemos! Parabéns a todos e muito obrigada pela apresentação perfeita.

2) Parabéns pelo dia de hoje, 27/03, dia Mundial do Teatro! Eeee!!!! Quantos motivos temos para comemorar né pessoal?
O dia Mundial do Teatro foi criado em 1961 pelo Instituto Internacional do Teatro e, todos os anos, são organizadas manifestações teatrais neste dia, sendo a DIFUSÃO DA MENSAGEM INTERNACIONAL uma das mais importantes, a qual é, tradicionalmente, redigida por uma personalidade do Teatro, de renome mundial, a convite do Instituto Internacional do Teatro. Este ano a celebridade teatral foi O brasileiro Augusto Boal. Transcrevo a seguir a mensagem dele:


"Todas as sociedades humanas são espetaculares no seu cotidiano, e produzem espetáculos em momentos especiais. São espetaculares como forma de organização social, e produzem espetáculos como este que vocês vieram ver.

Mesmo quando inconscientes, as relações humanas são estruturadas em forma teatral: o uso do espaço, a linguagem do corpo, a escolha das palavras e a modulação das vozes, o confronto de idéias e paixões, tudo que fazemos no palco fazemos sempre em nossas vidas: nós somos teatro!

Não só casamentos e funerais são espetáculos, mas também os rituais cotidianos que, por sua familiaridade, não nos chegam à consciência. Não só pompas, mas também o café da manhã e os bons-dias, tímidos namoros e grandes conflitos passionais, uma sessão do Senado ou uma reunião diplomática – tudo é teatro.

Uma das principais funções da nossa arte é tornar conscientes esses espetáculos da vida diária onde os atores são os próprios espectadores, o palco é a platéia e a platéia, palco. Somos todos artistas: fazendo teatro, aprendemos a ver aquilo que nos salta aos olhos, mas que somos incapazes de ver tão habituados estamos apenas a olhar. O que nos é familiar torna-se invisível: fazer teatro, ao contrário, ilumina o palco da nossa vida cotidiana.

Em Setembro do ano passado fomos surpreendidos por uma revelação teatral: nós, que pensávamos viver em um mundo seguro apesar das guerras, genocídios, hecatombes e torturas que aconteciam, sim, mas longe de nós em países distantes e selvagens, nós vivíamos seguros com nosso dinheiro guardado em um banco respeitável ou nas mãos de um honesto corretor da Bolsa - nós fomos informados de que esse dinheiro não existia, era virtual, feia ficção de alguns economistas que não eram ficção, nem eram seguros, nem respeitáveis. Tudo não passava de mau teatro com triste enredo, onde poucos ganhavam muito e muitos perdiam tudo. Políticos dos países ricos fecharam-se em reuniões secretas e de lá saíram com soluções mágicas. Nós, vítimas de suas decisões, continuamos espectadores sentados na última fila das galerias.

Vinte anos atrás, eu dirigi Fedra de Racine, no Rio de Janeiro. O cenário era pobre; no chão, peles de vaca; em volta, bambus. Antes de começar o espetáculo, eu dizia aos meus atores: - “Agora acabou a ficção que fazemos no dia-a-dia. Quando cruzarem esses bambus, lá no palco, nenhum de vocês tem o direito de mentir. Teatro é a Verdade Escondida”.

Vendo o mundo além das aparências, vemos opressores e oprimidos em todas as sociedades, etnias, gêneros, classes e castas, vemos o mundo injusto e cruel. Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida.

Assistam ao espetáculo que vai começar; depois, em suas casas com seus amigos, façam suas peças vocês mesmos e vejam o que jamais puderam ver: aquilo que salta aos olhos. Teatro não pode ser apenas um evento - é forma de vida!

Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!

Augusto Boal"

Belo discurso que lembra bastante o nosso debate após a apresentação de Persona. Não acham? ;)

26 de mar. de 2009

1ª Cultura de Quinta

Pessoal, já que hoje é o dia da nossa primeira apresentação de 2009, acredito que caiba aqui não só desejar muita MERDA para todos, mas também aproveitar para falar um pouco dessa expressão que tanto utilizamos: “Merda!”

Dei uma vasculhada na net achei, na Revista TPM, o depoimento de cinco atores acerca da tradição de se desejar merda. No entanto, fazendo uso da minha liberdade de expressão, devo confessar que achei algumas opiniões meio toscas e que, por isso, trancreverei apenas algumas delas... rs! Mas deixo o link para que vocês acessem, caso se interessem: .

De acordo com a Revista TPM:

Guta Stresser, 32 anos, atriz
“Desejo 'merda' antes de entrar em cena por dois motivos. Primeiro porque acho que é um mantra, os atores falam isso há muitos anos, é uma coisa que passa de geração para geração. Comecei no teatro aos 13 anos e sempre segui esse ritual. O segundo motivo é porque adoro a lendazinha que explica essa expressão. Ouvi dizer que, uma vez, um ator francês estava indo para o teatro, fazer a peça mais importante da vida dele. Ele estava supernervoso, os críticos mais importantes estariam lá. Só que, no caminho, tudo começou a dar errado. Ele teve que passar por um incêndio, errou o caminho, enfim, quase não chegou. Quando já estava na porta do teatro, ele pisou num cocô, para completar sua péssima situação! O supreendente é que depois de tudo isso e de ter pisado na merda, foi a melhor apresentação que esse ator já fez. Então o que eu entendo é que você tem que desejar merda pra acontecer o contrário, para virar sorte.”

Dan Stulbach, 36 anos, ator
“No teatro se diz 'merda' para desejar sorte. Faz parte da tradição também nunca agradecer. Ao ouvir 'merda', você responde 'merda', e assim vai. Pelo que lembro, teve início na França. Na Inglaterra se diz 'break a leg', quebre a perna. Nunca desejamos sorte, apenas.”

Gabriel Braga Nunes, 33 anos, ator
"No teatro, a expressão 'merda' antes de entrar em cena significa 'boa sorte'. Dizer 'boa sorte' dá azar. Agradecer quando o colega te diz 'merda' também dá azar. O azar só vale para a apresentação daquele dia, não é cumulativo; e é pessoal e intransferível. Até onde sei, o significado é esse para todos os atores, pelo menos para os que eu conheço. No entanto, já desejei muito 'boa sorte' e agradeci muita 'merda' e nunca fui vaiado em cena. Mesmo assim, é carinhoso ouvir 'merda' da boca do colega."

Uai, se é assim... MERDAAAAAAA!!!

Merda
Caetano Veloso

Nem a loucura do amor
Da maconha, do pó
Do tabaco e do álcool
Vale a loucura do ator
Quando abre-se em flôr
Sobre as luzes no palco...

Bastidores, camarins
Coxias e cortinas
São outras tantas pupilas
Pálpebras e retinas...

Nem uma dôce oração
Nem sermão, nem comício
À direita ou à esquerda
Fala mais ao coração
Do que a voz de um colega
Que sussurra "merda"...

Noite de estréia, tensão
Medo, deslumbramento
Feitiço e magia
Tudo é uma grande explosão
Mas parece que não
Quando é o segundo dia...

Já se disse não
Foi uma vez
Nem três, nem quatro
Não há gente, como a gente
Gente de teatro
Gente que sabe fazer
A beleza vencer
Prá além de toda perda...

Gente que pôde inverter
Para sempre o sentido
Da palavra "merda"
Merda! Merda prá você!
Desejo
Merda!
Merda prá você também
Diga merda e tudo bem
Merda toda noite
E sempre a merda....

Persona

É hoje! A primeira CULTURA DE QUINTA de 2009: "PERSONA"!



Isso mesmo! Hoje (26/03), tem PERSONA no palco do teatro municipal de Batatais. Pela primeira vez no palco em 2009, essa Cultura de Quinta (realizada com métodos bem diferentes dos anteriores...) promete né gente?

Horário: 21:00
Duração: 20 minutos
Ingresso: 2,00


Muita merda para nós!
Beijoca

Nota: ai pressa terrível que não me deixa escrever! :(

10 de mar. de 2009

Só para constar...

Oi plenitudianos!

Hoje estou com muita pressa (muita mesmo), mas precisava passar por aqui rapidinho para informar/comemorar que exatamente hoje, 10/03/09, completo 8 anos de Plenitude! Bom, com idas e voltas, claro, mas depois faço um texto mais elaborado, é que hoje (e justo hoje) o blog não podia ficar sem postagem! hehehehe

Plenitude, obrigada por, há 8 anos, permitir que eu participe da sua história! E que grande história...

4 de mar. de 2009

Vontade/Liberdade

Oi pessoal!
Hoje estou com um pouquinho de pressa, mas passei só para registrar nosso findi!
Ainda tenho outros assuntos que gostaria muito de abordar, mas não vão caber neste post! Rs... Então, dessa vez, falarei apenas da teoria que conhecemos no nosso encontro! ;D

No nosso primeiro fim de semana, iniciamos uma nova fase! A obra Ator e método, de Eugênio Kusnet, retrata um pouco sobre as lições que aprendemos. O capítulo que retrata isso se chama “O ator e a verdade cênica ou estar ardendo, para inflamar”. Acredito que a última parte do título nos sirva para esclarecer bem o que aprendemos e nos dá uma noção mais clara do que nos foi passado: Estar ardendo para inflamar.
Pois bem, recapitulando, vimos que, em linhas gerais, o ator deve agir com Vontade, a qual trará como consequência a verdade, e esta trará a liberdade. Bolando um esqueminha bem básico²:



Queridos, acredito que toda essa questão deva ter ficado bem clara para todos nós, mas, visto que informação nunca é demais, transcrevo aqui trechos do livro que citei anteriormente:

Kusnet alerta o leitor para a necessidade de compreender alguns conceitos primordiais. Sobretudo insistindo em que as afirmações de Stanisavsky no sentido de que o autor necessita ter referem-se a uma fé específica: ou seja, a fé cênica, não a fé real (ou seja, espiritual). É necessário buscar, portanto, a verdade cênica, não a verdade real.


Isso faz referência à VONTADE. Claro, porque necessitamos acreditar no que estamos fazendo, fazer com vontade. Se a minha personagem tem a necessidade de partir, eu, enquanto atriz, preciso acreditar e aceitar essa vontade dela. Dessa forma, terei a VERDADE no meu agir e, havendo em mim a verdade, a liberdade tomará conta da atuação, permitindo que o ator que age com verdade crie situações não propostas anteriormente pelo diretor.

Até aqui tudo ok?
Beleza...

Outra interessante discussão que faz parte do livro refere-se à dualidade do ator:

O ator nunca poderá, em cena, deixar de ser ele próprio para ser integralmente um outro (“viver um personagem”). Consciente da batalha travada por Brecht contra um teatro que tem por objetivo máximo a identificação do público com o personagem (o que, segundo Brecht, reduz o espectador a um ser passivo, objeto anestesiado, dopado, condicionado a abdicar totalmente da possibilidade de reflexão), condenado a emocionar-se de forma mistificadora), Kusnet afirma que a escolha do teatro atual é a “coexistência em cena do ator-cidadão com o personagem”. E diz que quando o ator “encarna” um personagem, isto “não sigifica substituição mística do ator pelo personagem, pois, neste caso, o mundo objetivo deixaria de existir para o ator”. O ator aceita e assume os problemas do personagem, “adquirindo a fé cênica na realidade da sua existência, vive como se fosse o personagem com a máxima sinceridade, mas, ao mesmo tempo, não perde a capacidade de observar e criticar a sua obra artística ¬– o personagem”.


É... parece que (in)felizmente não descerá um espírito em nós na hora da apresentação, o jeito é estudar mesmo! rs Sim, nós, atores, precisamos da dualidade, é preciso dividir nosso ser com o personagem, emprestar nossas emoções e nossos saberes para que ele se expresse. A nossa sinceridade, vivenciando situações que o personagem precisa vivenciar, nos trará a verdade (ou a fé cênica), deixando-nos livre para criar.

Eee! Aula do fim de semana registradinha aqui!
Estudemos, pois! Ainda queria falar tanta coisa, mas, como já disse, não caberá nesse post. Logo volto com um post novinho!

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